Você já se sentiu fazendo algo que gosta, mas que parece que nunca fica bom o suficiente?
Foto de Denise Duplinski no Pexels
Minha mãe é uma grande artista plástica e lembro de ela ficar horas numa obra, numa expressão facial de um rosto na tela ou nas flores de lindas toalhas e, invariavelmente, ela sempre terminava dizendo: “não gostei”.
Todos admiravam aquela produção, feita à mão livre, com um talento nato que as mulheres da família Rocha carregam de geração em geração, há poetisas, pintoras, escritoras, artistas... ou seja, era fácil perceber arte naquelas peças genuínas. Mas ela raramente gostou de algo que fez.
Também reconheci esse comportamento em mim por muitos anos, pois muitas vezes eu tive dificuldades de valorizar em mim mesma, o meu melhor.
E reconheço esse mesmo comportamento em clientes que estão prontos para colocar seu plano em ação, seu negócio, seu projeto, mas paralisam, por conta dessa crença limitante que tanto nos aprisiona: eu ainda não sou boa o suficiente para fazer isso. É como se houvesse um estado da perfeição, inatingível, que é perseguido no que fazemos. Esse comportamento nos aprisiona e, além de muito tóxico tem ainda um outro efeito colateral: nos torna por demais exigentes e de difícil contentamento.
Essa crença geralmente se manifesta por não reconhecermos nossa potência, por não nos aceitarmos como somos, em nossa luz e sombra. Pessoas que carregam essa crença apresentam comportamentos de luta, necessidade de confronto constante de argumentos, sensação de fracasso apesar de lutarem desesperadamente pelo sucesso, além de um apego muito grande ao erro, sem valorizar o acerto.
Certa vez eu estava fazendo um trabalho para mais de duzentos líderes em uma conhecida empresa da minha cidade. No fechamento deste trabalho, o resultado mostrava-se muito bom, a ponto de já estarmos providenciando um novo contrato para o ano seguinte. Resolvi então, fazer uma avaliação de feedback com os participantes, ao vivo, de “peito aberto”, pois o clima estava excelente. Todos os que responderam ali, suas percepções, falaram coisas maravilhosas do meu trabalho e apenas uma, uma pessoa, disse que não havia aprendido muito pois já conhecia os que foi apresentado.
Veja que havia um comentário bastante comum, que é natural, de uma pessoa que não teve uma grande surpresa com meu conteúdo (e tudo bem!), e talvez outras onze ou doze pessoas falando maravilhas sobre o mesmo conteúdo. Adivinhem qual feedback deixei grudar em minha mente por dias? Eu não conseguia deixar de relacionar aquela uma pessoa que havia entregado sua honestidade, a uma grande punição; ao invés de considerar que da mesma maneira tantas outras pessoas disseram outras coisas muito melhores de se ouvir.
Ou seja, aquela situação pontual me impactou tanto, porque deixei que minha crença limitante de não ser boa o suficiente me pregasse uma armadilha! Veja como a vigília deve ser constante. Logo pude processar esse lugar de falha, culpa ou crítica e transformá-lo em autoaceitação, em combustível para aprimorar meus conteúdos, mas sobretudo em realidade. Críticas, elogios, desenvolvimento, isso é realidade: a fantasia está na imperfeição.
Hoje sei exatamente cada vez que se essa crença tenta se manifestar. E não pensem que o comportamento da minha mãe lá em suas obras me fez ser assim. Ao contrário, ela sempre me incentivou e me elogiou muito. Mas certamente os ciclos de autoexigência e falta de autoaceitação se repetiram em outros gatilhos mentais através dela e de toda cultura familiar que convivi. A origem dessa crença é muito mais profunda, reside em lacunas emocionais de um passado distante, que hoje aprendi a preencher.
Portanto, a cura interna é realmente um processo contínuo, por vezes doloroso, mas que exige autoconhecimento e o trabalho de autoaceitação e de tudo que passamos para chegar até aqui.
E você não precisa passar por isso sozinha, orientação é fundamental.
Espero ter contribuído compartilhando este singelo testemunho, obrigada por me acompanhar até aqui, e siga meu perfil no insta para mais temas relacionados.
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